Recebi uma cópia antecipada da Editora Seguinte de A Sereia, da Kiera Cass, na semana passada e logo fiquei ansiosa para iniciar a leitura!
Para quem não sabe, a autora de A Seleção, antes do seu sucesso com a história de America e Maxon, havia lançado A Sereia de forma independente, ou seja, é o seu primeiro livro. Mas essa é uma edição que foi totalmente reescrita. Pelo o que li no Goodreads, ela manteve os personagens e mitologia das sereias em si, mas muito da história foi mudado. Se alguém tiver lido a outra versão, avise nos comentários, vou adorar conhecer as diferenças. ;)
Não se deixem enganar pela capa, que mantém um certo padrão com os livros da série A Seleção. Como eu disse, foi o primeiro livro lançado pela Kiera, e para nossa alegria, ele é único. Começa e encerra a história, e sem possibilidade de continuação, a não ser que ela resolva fazer um spin-off, ou seja, narrar sobre a vida de outro personagem.
A protagonista é Kahlen. No início, ela está em um navio com seus pais quando começa a escutar um som melodioso. Todos os passageiros vão de encontro a esse som e aparentam estar enfeitiçados quando se lançam de bom grado ao mar. Mesmo estando enfeitiçada em um primeiro momento, Kahlen resiste ao canto e faz um negócio com a Água: garante sua sobrevivência, mas terá que servi-La por cem anos, e depois disso estará livre novamente. Só um detalhe: em todos esses anos ela assumirá a forma de uma sereia, que utilizará sua voz para atrair os humanos até a Água.
Kiera nos apresenta a mitologia das sereias, usando os elementos de atração que esses seres exercem nos humanos, através de sua beleza e voz mortais. Confesso que meu conhecimento de sereias está restrito ao desenho da Pequena Sereia e do folclore brasileiro, então, não sei até onde vai sua originalidade ou não. (sinto alguns julgamentos aqui, haha).
Logo é mostrado ao leitor que Kahlen tem uma relação diferenciada com a Água. Depois que passam por essa transformação e estão durante os anos de servidão, as sereias mal se recordam da sua vida anterior. A protagonista então assume quase uma relação de mãe e filha com a Água, uma vez que ela pouco se recorda da própria família. No livro, se passam 80 anos desde a transformação de Kahlen, então, ela só tem mais 20 anos até finalizar o seu ciclo. As sereias nunca estão sozinhas, pois a Água sempre dá um jeito de ficarem 4 ou 5 para fazerem companhias umas às outras e ter alguma interação mais "humana" mesmo com suas condições diferenciadas. Elas não podem falar com os humanos, obviamente, pois suas vozes são fatais, e o pouco que interagem é na forma de linguagem de sinais.
Kiera nos traz algumas partes boas dessa condição. Kahlen e suas "irmãs" sereias, que é assim como se consideram, vivem mudando de local, sempre próximo a Água, mas já viajaram o mundo, viveram em diferentes locais e têm várias experiências com o tempo livre entre um Canto e outro para alimentar a Água. A parte ruim, obviamente, fica com as interações: ela nunca poderão se apaixonar, falar ou ter uma relação "normal" com os humanos. Kahlen, até então, uma das sereias mais fiéis da Água, acaba se apaixonando.
Alguns pontos do livro me agradaram, como a relação bonita entre as meninas e até mesmo os elementos cristãos que a autora claramente usou para definir a relação de criador X criatura, ou seja, Água X Sereias. Kiera é bastante cristã (nota-se bastante pelo Instagram da autora) e é possível observar isso nas relações que ela constrói. Meu problema realmente foi com o ritmo do livro. Não é como se ele fosse criando uma expectativa para um acontecimento principal. Ele segue o mesmo ritmo o tempo todo, que é mediano.
Kahlen é uma protagonista também mediana. Ela é bastante introspectiva e com ideias retrógradas, e pode-se pensar: "ah, mas ela nasceu no começo dos anos 1900". Mas depois de 80 anos de experiências, mesmo que um pouco mais distante da humanidade, achei que ela poderia ter amadurecido um pouco mais. É como se ela tivesse parado no tempo nesse quesito. Não é como Elizabeth que é aberta a novas possibilidades. Aliás, foi a sereia que mais gostei. Com o coração bom, porém ciente das suas responsabilidades, ela rouba a cena.
E finalmente, vou comentar sobre Akinli, o tal humano por quem Kahlen se apaixona: ele beira ao perfeito, o que é muito chato. É compreensivo o tempo todo, adivinha tudo o que a sereia está pensando, mesmo ela apenas gesticulando, e é daquelas pessoas muito, muito legais. Chega a ser irritante. O romance, que seria o foco do livro, e o grande divisor de águas (desculpem o trocadilho, não resisti), acaba se tornando o elemento mais fraco do livro. A ideia também de que "sem ele não posso viver" desconstrói tudo o que vemos nos livros recentes de YA, onde as mocinhas são suficientes por si só, e que não precisam de um homem para se "sentirem completas".
Enfim, desculpem a resenha gigante. Eu tinha muita coisa para dizer, rs. Acho que o que posso tirar disso tudo é que teria aproveitado mais o livro se o foco da autora tivesse sido a relação da Água e suas sereias. E estou ansiosa para saber o que outras pessoas estão achando! Alguém já leu, mesmo que a versão anterior? Me deixem saber! :)
Data de lançamento oficial: 26 de janeiro
Kahlen é uma protagonista também mediana. Ela é bastante introspectiva e com ideias retrógradas, e pode-se pensar: "ah, mas ela nasceu no começo dos anos 1900". Mas depois de 80 anos de experiências, mesmo que um pouco mais distante da humanidade, achei que ela poderia ter amadurecido um pouco mais. É como se ela tivesse parado no tempo nesse quesito. Não é como Elizabeth que é aberta a novas possibilidades. Aliás, foi a sereia que mais gostei. Com o coração bom, porém ciente das suas responsabilidades, ela rouba a cena.
E finalmente, vou comentar sobre Akinli, o tal humano por quem Kahlen se apaixona: ele beira ao perfeito, o que é muito chato. É compreensivo o tempo todo, adivinha tudo o que a sereia está pensando, mesmo ela apenas gesticulando, e é daquelas pessoas muito, muito legais. Chega a ser irritante. O romance, que seria o foco do livro, e o grande divisor de águas (desculpem o trocadilho, não resisti), acaba se tornando o elemento mais fraco do livro. A ideia também de que "sem ele não posso viver" desconstrói tudo o que vemos nos livros recentes de YA, onde as mocinhas são suficientes por si só, e que não precisam de um homem para se "sentirem completas".
Enfim, desculpem a resenha gigante. Eu tinha muita coisa para dizer, rs. Acho que o que posso tirar disso tudo é que teria aproveitado mais o livro se o foco da autora tivesse sido a relação da Água e suas sereias. E estou ansiosa para saber o que outras pessoas estão achando! Alguém já leu, mesmo que a versão anterior? Me deixem saber! :)
Data de lançamento oficial: 26 de janeiro
Título: A SereiaTítulo Original: The Siren
Autor: Kiera CassPáginas: 320Tradutor: Cristian ClementeData de Publicação: 2016Editora: SeguinteIdioma: PortuguêsGênero: Fantasia - YA - Universo JovemISBN: 9780130427014
Fiquei bem curiosa depois da divulgação da capa pela editora, mas fiquei com muito medo de ser mais uma série! Até hoje não li A Elite por causa da quantidade de livros que foram lançados... Mas esse eu quero ler com certeza. Sobre o mito das sereias, vários filmes e séries falam delas como Piratas do Caribe, Peter Pan, a série Once Upon a Time... Mas eu nunca pesquisei a fundo sobre elas. Quem sabe esse livro não me desperte o interesse? Hahaha gostei muito da sua resenha, apesar de longa você disse tudo que queria e isso é mais importante do que o tamanho do texto <3
ResponderExcluirwww.elaescreveu.com.br
Bom, não sou fã da Kiera, nunca fui muito com a cara da autora pra dizer verdade, mas gosto da série A Seleção. Eu sempre soube desse primeiro livro dela, mas sinceramente nunca tive interesse em ler. Depois de ler sua resenha, fiquei ainda com menos vontade porque percebi que o que te incomodou iria me incomodar também. E a própria trama não me atraiu. Também não tenho muito conhecimento da mitologia de sereias, apenas o que li em um livro da Galera e o folclore, mas não é um assunto que me interesse muito. Vai fazer sucesso porque é Kiera, isso é inegável e espero que outros gostem mais dele. Eu não pretendo ler.
ResponderExcluirAndresa Dias,
http://leiturasefofuras.blogspot.com/
Ainda na li esse livro da Kiera, amo os livros de A seleção, achei muito legal esse ser bem diferente e contar uma história com sereias. Gostei da sua resenha, me deixou com mais curiosidade pra ler a história!
ResponderExcluirhttp://universosliterais.blogspot.com.br/
Não li a Seleção porque não curti as sinopses; mas quando ouvi falar sobre esse livro, me interessei, porque me pereceu uma desconstrução de A Pequena Sereia com elementos do ~verdadeiro~ mito das sereias, que são criaturas que cantam para os homens se apaixonarem e em seguida os mata. Mas com o que você escreveu, sei não, viu...Me parece meio infantilizada essa coisa de amor perfeito-não vivo sem você-mimimi, meio Crepusculo hehehe
ResponderExcluirObrigada pela sinceridade na sinopse! hahahah
Bjs!
www.1livro1filme.com.br
Fiquei muito curiosa com sua resenha porque não tinha visto nenhuma ainda! Gosto de A Seleção; não considero os melhores livros do mundo, mas é legalzinho e conheci a autora, então, né?! Tem até um post no blog sobre isso! Enfim, também não me agrada isso de as moças de livros dependerem das pessoas com que elas se apaixonam. Só não me irrita mais ou tanto quanto romance relâmpago. Enfim, eu acho que o tudo da sua vida tem que ser Deus, e o seu namorado/marido (se for da vontade Dele) deve ter uma relação saudável com você, do jeitinho que é agradável a Deus. Assim como a Kiera, sou muito cristã (católica), então acabo atentando pra essas coisas. De qualquer forma, se tiver a oportunidade, provavelmente, lerei.
ResponderExcluirClara
@clarabsantos
clarabeatrizsantos.blogspot.com.br