A Rainha Vermelha - Victoria Aveyard

"Imagine uma história que tenha personagens com poderes semelhantes aos dos X-Men, um romance envolvente como o de A Seleção e intrigas políticas parecidas com as de As Crônicas de Gelo e Fogo."

Assim veio a "chamada" de A Rainha Vermelha. Eu não sei vocês, mas fico bastante receosa com essas comparações. Da mesma forma que pode atrair leitores, acredito também que possa afastá-los de alguma maneira. Conheço alguns que não curtem A Seleção, ou não estão dando a mínima para As Crônicas de Gelo e Fogo. E aí, como fica?

Vou começar dizendo que sim, Victoria utiliza vários elementos já vistos em outras histórias em seu livro de estreia. Mas fiz relação com outros títulos como Fúria Vermelha (Globo Livros) e Trono de Vidro (Galera Record) e até mesmo A Filha do Império (Saída de Emergência), livros não tão conhecidos assim (aqui no BR), mas que possuem pontos semelhantes.

Mare é a protagonista "chuta bundas" tal como Celaena, de Trono de Vidro. Para ser BEM sincera, tive dificuldades de criar uma voz própria para a Mare pelos primeiros 10 capítulos de A Rainha Vermelha, depois a coisa deslanchou, pois a personagem é muito humana e comete erros reais, coisas que a gente nem espera pelo fato "ela-é-protagonista-então-não-vai-fazer-tal-coisa".

Sobre o universo criado: gostei da ideia da população ser separada por sangue, literalmente. As pessoas que têm sangue prateado contam com poderes especiais, alguns mais fortes, outros mais fracos. Os humanos de sangue vermelho são comuns, com vidas de servidão por serem considerados "inferiores".

Vi muitas resenhas considerando o livro distópico, mas acredito que isso foi pouco abordado pela autora, então, particularmente nem o considero assim. Apesar de termos uma monarquia estabelecida e a supremacia dos Prateados, o que fica mais claro é disputa de poder entre as Casas deles, que procuram as melhores alianças através do casamento. Aliás, esse é um dos pontos principais da trama: os dois filhos do Rei, Cal e Maven, devem escolher suas esposas. Na verdade, "escolha" é eufemismo, já que está estabelecido que Cal, como sucessor do trono, irá escolher Evangeline, de uma das Casas mais poderosas, onde o poder da família é controlar o metal.

A protagonista Mare, claro, é uma Vermelha mas que cai de cabeça no universo dos Prateados, por acaso. Descobre um certo poder, algo não esperado por causa de seu sangue, e a rainha (megera...fiquei com vontade de matar essa safada!) prefere manter Mare e seus poderes por perto, prometendo-a em casamento para o filho mais novo, Maven. Mantenha os inimigos por perto, certo? E uma estratégia também de tentar aquietar as massas e o levante do povo Vermelho, como forma de distração (alguém já leu A Herdeira aí?). Óbvio que as coisas iriam dar errado.

A questão é que depois que essa parte da trama é inciada, o livro, que até então, vinha em um ritmo lento, deslancha que é uma maravilha. Mare fica cercada de Prateados que querem sua cabeça enquanto tenta entender os novos poderes e enquanto isso, a corrida pelo poder e trono está correndo solta. São muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, que mantêm o leitor entretido.

Por ser um livro de estreia, é notável o talento da autora. Ela uniu elementos de várias histórias diferentes e o resultado poderia ser desastroso, mas não. No final das contas, ela conseguiu dar voz própria para sua história. Altas emoções pairam principalmente no final do livro, e a autora deixa aquele gostinho para o próximo volume. A editora Seguinte vai tentar lançar a sequência de forma simultânea à edição americana. Já é fevereiro de 2016?

Data de Lançamento do livro: 16 de junho
Observação: A adaptação cinematográfica já foi confirmada e pode ser dirigida por nada mais, nada menos que Elizabeth Banks, a Effie de Jogos Vorazes. Confira a notícia completa AQUI 

Título: A Rainha Vermelha
Autor: Victoria Aveyard
Tradutor: Cristian Clemente
Editora: Seguinte
N° de Páginas: 424