Pensem em uma das melhores leituras do ano até agora. E pensem na palavra SENSACIONAL. Então, só isso bastaria para definir A Cidade Murada. E eu dizer algo do tipo 'Leia agora, GO GO GO'. Mas de qualquer forma, vou contar para vocês todos os motivos pelos quais vocês devem embarcar nessa leitura.
A Cidade Murada, escrito pela autora Ryan Graudin, tem sua história baseada na Cidade Murada de Kowloon, que era originalmente uma área militar, e virou um grande espaço com excesso de pessoas, "esquecida" do governo, que ficava localizada em Hong Kong, na China. Foi considerada a maior favela vertical do mundo. Hoje, não existe mais, há um parque em seu lugar.
O livro é narrado através de 3 pontos de vista, o que por si só já dá uma ótima agilidade para a leitura. Mas ele vai muito além disso. Cada personagem é única à sua maneira, e cada uma tem sua história, particularidade e tem algo para trazer ao leitor. Dai, Jin Ling e Mei Yee são muito distintos, mas têm suas vidas entrelaçadas pelos "problemas" que os envolvem dentro da Cidade Murada. Problemas esses tão fáceis de identificar nas grandes cidades que temos contato aqui no Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo, com suas várias comunidades e vida difícil das pessoas que ali vivem.
Naturalmente, pelo teor cultural do livro, mesmo com os capítulos alternados entre os protagonistas, demorei algumas páginas para me situar e identificar "quem era quem". Foi fácil identificar a Mei Yee por estar presa no principal bordel da Cidade Murada, mas Dai e Jin Ling me deram um pouco mais de trabalho. Os nomes criam um pouco essa barreira, mas como disse, essa situação durou só no início devido às fortes características que a autora fez questão de frisar de cada um.
Dai é o mais velho, na casa dos 20 anos, e existe toda uma aura de mistério em relação à sua "estadia" na Cidade Murada, Hak Nam. Algo nele é diferente, e parece não ser como os outros "moleques", onde a preocupação principal é roubar um par de sapatos, ou ter uma refeição para aquele dia. Jin é uma menina que tem que se passar por um menino para tentar sobreviver em Hak Nam, e está dentro da Cidade Murada em busca da sua irmã perdida, cuja única pista é saber que está por ali - e maior temor é que seja uma das meninas de Longwai, uma espécie de cafetão do lugar. Mei é aquela personagem aparentemente frágil que guarda muito sofrimento. Se por um lado Jin tem marcas físicas de todo sofrimento da sua curta vida, Mei tem marcas psicológicas profundas. Uma cena que é bem forte e me marcou bastante é quando ela conta fica contando as estrelas do teto do seu quarto no bordel, como forma de se "distrair" do que está acontecendo com ela nas visitas do Imperador, que a torna sua "favorita".
Como disse ali em cima, a autora consegue entrelaçar a vida dessas três personagens, e quando isso acontece, o livro entra em um ritmo frenético. Só é possível fechá-lo quando encontramos, finalmente, suas últimas palavras. De uma forma ou de outra, todos os três estão perseguindo um mesmo objetivo: sua sobrevivência.
É uma leitura intensa, mas que eu recomendo fortemente. A autora me conquistou e vou ficar de olho em tudo que ela publicar daqui para frente. A escrita dela é simples, mas bem envolvente, e com cenas bem marcantes - algumas, em particular, bem emocionantes. Os elementos aparentemente já tão falados em outros livros como tráfico de drogas, exploração sexual, pobreza e sobrevivência, se mesclam em A Cidade Murada, de uma forma não usual.
Oi Lygia, tudo bom?
ResponderExcluirNão tinha parado para pensar nisso, mas esse livro também já é uma das melhores leituras do ano. Gostei da trama, da escrita da AUTORA (risos), dos personagens e da mensagem que o livro possui, Realmente a realidade daquele lugar lembra muito as diversas comunidades pobres no Brasil. Minha personagem preferida foi a Jin porque ela é uma garota valente e que nunca desistiu da sua busca. Livro indicadíssimo para todos.
Beijos,
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