O Carlos é um grande fã do Feist. Ele resenhou todos os livros da série O Mago, também publicados pela Saída de Emergência Brasil, e um dos pontos que mais me chamaram atenção nas resenhas foi a falta de uma personagem feminina forte, que fosse de grande destaque e importância.
Pois bem, A Saga do Império, que se passa no mesmo universo de O Mago, mas que foca no povo de Kelewan, veio para suprir isso. E vejam bem, eu li esse livro sem ler os outros da Feist, e não senti falta de nada. Uma ou outra coisa que tinha curiosidade eu perguntei ao Carlos. Então, vou começar a resenha de A Filha do Império dizendo que a palavra SENSACIONAL poderia definir o livro todo. Sério, bom assim.
A Filha do Império foi escrito em conjunto com a autora Janny Wurts - autora americana notável por seus mais de 18 livros e contos publicados -, e representa tudo o que uma boa fantasia deve possuir. Não é um estilo de livro exatamente da minha área de conforto (Carlos é mais fã do gênero do que eu), mas que me conquistou pela construção absurdamente boa de "mundo" que o autor criou. Tudo é muito imaginativo, leva o leitor a viajar realmente, tornando a coisa muito real. E o livro possui um ritmo lento, algo extremamente positivo nesse caso, pois foi possível sentir a passagem de tempo junto com a protagonista, ao mesmo tempo que não queria que a história chegasse ao seu fim.
O ponto de início do livro é com a descoberta de Mara de que seu pai e irmão caíram em uma emboscada de guerra e agora ela deve voltar da espécie de templo onde ela está - Mara iria se tornar uma espécie de devota de uma deusa -, e assumir a liderança como Senhora dos Acoma, sendo agora a única herdeira viva.
Entendam: o universo que Feist criou desde a série O Mago, envolve dois mundos que são de alguma forma, paralelos, e acessados através de um portal. Dessa vez, estamos do "outro lado do portal" do universo que Pug, o protagonista de O Mago, vive. E nesse novo "mundo", vamos assim dizer, as tradições são todas similares às orientais: regência patriarcal, clãs, famílias milenares e suas crenças e tradições, enfim, todos esses elementos. A família de Mara era uma das mais importantes, os Acoma, e com a queda de seu pai e irmão, que estava sendo preparado para ser o sucessor, os Acoma são considerados agora fracos, afinal, Mara é mulher, nunca foi treinada, esse tipo de coisa.
E aí o ponto forte do livro. Mara é uma das protagonistas mais "badass" que li nos últimos tempos, mas que não usa força física alguma. Apenas com sua inteligência, ela começa a agir de forma a liderar os Acoma. E é impressionante como ela faz isso e ganha o respeito dos soldados de seu pai a cada passo dado, mesmo que em um primeiro momento, os oficiais não apoiassem suas ideias - mas que cumprem sem hesitação ou questionamento, afinal, em sua tradição, Mara sendo a nova Senhora dos Acoma, deve ser respeitada e obedecida de acordo com a honra que carrega, sendo a líder de sua milenar família. Mara cresce muito no decorrer do livro, a cada batalha ganha, a cada renúncia que faz, e muitas escolhas, algumas muito difíceis e doloridas, com o objetivo de continuar honrando o nome de sua família.
O Jogo do Conselho é algo muito interessante de se acompanhar. Há anos as famílias milenares disputam entre si os postos de mais importantes. E nisso, vários golpes, intrigas políticas e guerras estão envolvidos, e naquele esquema, sempre respeitando as tradições deles. É algo impressionante de ver no decorrer da leitura, como em vários momentos Mara tinha algumas situações na sua mão, mas teve que agir com cautela para não desonrar o seu nome e cair em desgraça.
A leitura, como citei, é lenta e gradual. Tudo se torna "real" porque o espaço de tempo que decorre no livro é grande, e nisso vemos o quão longa é a jornada de Mara. Não estou falando de meses, e sim coisas de anos, até ela ter a oportunidade de atingir seus objetivos. É tudo muito impressionante e sensacional - desde as belas descrições das casas com traços orientais, e suas flores e frutos, até as ações de todos as personagens envolvidas, que são sagazes e audaciosos. Todos são belamente construídos e complexos em sua essência.
Em suma, estou apaixonada pelo universo do Feist, e é FATO que agora vou correr para ler os livros da saga do Pug. Recomendo bastante A Saga do Império para todos que gostam de fantasia em sua melhor forma, intrigas políticas e uma protagonista feminina que "chuta bundas".
Estou no segundo volume da Saga do Mago e já ansiosa para ler "A Filha do Império". Midkemia, o mundo de Pug, é um universo de fantasia mais convencional, com elfos e anões, mas Kelewan é muito criativo e interessante.
ResponderExcluirSonhos, Imaginação & Fantasia