Uma das surpresas de 2015 é Por Lugares Incríveis. Só fiquei dele quando a editora Seguinte anunciou sua publicação que, aliás, foi simultânea com a estrangeira. Quando li sua premissa, confesso que fiquei receosa com as comparações iminentes com livros parecidos do gênero como Fale (Valentina), Extraordinário (Intrínseca), A Extraordinária Garota Chamada Estrela (Gutenberg), entre outros, no estilo ‘jovens que precisam ser ouvidos e precisam de ajuda’.
Não me entendam mal. São livros que eu gosto (e muito! Tem alguns já resenhados no blog), mas estava com a sensação inicial que iria me decepcionar por ser algo na vibe Carta de Amor os Mortos. Pois bem, me enganei – e adoro quando isso acontece! Finch e Violet são unidos pela sensação de ‘não pertencimento’ e me comoveram pelo impacto de sua voz narrativa.
O encontro dos personagens se dá no início do livro, onde ambos estão tentando dar fim à própria vida por motivos distintos, e começam uma improvável amizade, com Violet sendo “resgatada” da torre por Finch. O detalhe é que todos da escola acham que foi o contrário, afinal, a perfeita Violet não seria capaz de fazer uma coisa dessas – mesmo que sua irmã tenha morrido.
Enfim, detalhes à parte de como as personagens começaram a se relacionar, o que me impactou em um primeiro momento foi a força dos pensamentos de Finch. Ele é o primeiro narrador (os capítulos são intercalados entre Violet e Finch), e não esperava que em apenas 1 capítulo, ele pudesse me convencer dos seus sentimentos e pensamentos. É quase palpável o que ele tenta passar para o leitor. Li algumas críticas no Goodreads, depois que finalizei a leitura, que Finch parece um adulto e não um jovem. Eu discordo. Com todas as suas ideias ora controversas, ora cheias de certeza, ele mostra o quão confuso é estar dentro de si mesmo. Quer algo mais humano, e principalmente, juvenil, do que isso?
A fixação de Finch pela morte logo de cara é alarmante. Vários modos e situações que ele imagina chegam a ser desconfortáveis. Foi uma parte inquietante da leitura que considerei essencial para o tom do livro que Jennifer quer trazer para o leitor.
Violet, por sua vez, não chega a ser uma personagem tão complexa como Finch mas que possui suas particularidades. Ela precisa passar pelo luto e suas implicações, mas antes de conhecer Finch estava presa em uma teia de autocomiseração que ela mesma achava que não conseguiria se libertar disso. Pelo menos não sozinha. E é aí que a personalidade cheia de altos e baixos de Finch entra em ação, tornando-a viva gradativamente. Engraçado que eu acho muito justo que o encontro inicial das personagens sejam na torre. É como se a autora fizesse alusão de que Violet estava em um lugar ‘inalcançável’, no alto, e Finch é quem consegue realmente salvá-la de si mesma.
Enfim, para finalizar, digo que foi uma leitura excelente desse começo de ano, talvez a melhor de janeiro, e que me fez considerar algumas coisas pessoais. Apesar de indicar e dizer que esse livro merece ser lido, acredito que não seja exatamente um livro que agradará a todos.
Não conhecia o livro! Fiquei super interessada, apesar de não ser o tipo de livro que eu leio. Beijos!
ResponderExcluirhttp://alguns-livros.blogspot.com.br/
Também gostei muito dessa premissa com início meio dark da história, mas o que mais me chamou para ler o livro foi a sua surpresa quanto a ele... quando vejo alguém se surpreender com um livro, sinto uma vontade ainda maior de lê-lo.
ResponderExcluirBeijos. Tudo Tem Refrão
Oi Lygia!
ResponderExcluirColoquei esse livro como meus "desejados" só por conta da capa mas é ótimo poder ler a sua resenha, porque fiquei com mais vontade de ler esse lançamento \o/
Beijos
www.livroterapias.com
Oi Lygia,
ResponderExcluirNão é a primeira resenha que li do livro. Cada uma que leio, fico ainda mais curioso pela leitura. Todas comentando positivamente da história. Acho bacana essa ideia de retratar os personagens de maneira tão real. Acredito que não é apenas os jovens que passam por esses conflitos interiores, mas todos nós, afinal, somos humanos.
Lendo sua resenha, um livro me veio a cabeça: Adeus, por enquanto, da Laurie Frankel. Ela trata o luto de uma maneira tão real, mas tão diferente que não tem como não se emocionar.
Beijos,
Lucas
ondeviveafantasia.blogspot.com.br