Desde o ano passado, primeira vez em que ouvi falar sobre A Redoma de Vidro, fiquei curiosa por sua leitura. Na época, a edição da Editora Record estava esgotada e deixei o assunto de lado. Esse ano a Biblioteca Azul (selo de clássicos da Globo Livros), o relançou, em uma edição muito bonita, diga-se de passagem.
O primeiro ponto que me deixou curiosa pela leitura desse livro, que aliás, é o único romance da Plath, que escreveu diversos contos e poesias, foi saber que a própria autora cometeu suicídio apenas um mês após a publicação de A Redoma de Vidro. Diga-se de passagem, ele foi um publicado primeiramente através de um pseudônimo em 1963.
"Resolvi que nadaria até estar cansada demais para voltar. Enquanto avançava, eu sentia o coração batendo como um motor surdo nos meus ouvidos. Eu sou eu sou eu sou."
"Quanto pior você ficava, mais longe eles te escondiam."
O segundo ponto foi também descobrir que o romance é considerado autobiográfico. Muito da protagonista Esther é da própria Sylvia. Vocês podem achar estranhas as minhas motivações, mas sim, minha curiosidade foi despertada por esse lado mais “obscuro” de toda a história envolvendo A Redoma de Vidro.
Ouvi algumas pessoas comentando que deve-se ter cuidado nessa leitura, principalmente se você não estiver em uma “vibe boa” da vida, e devo reforçar a veracidade disso. Em poucas páginas, apesar de um começo de história aparentemente descontraído, a escrita simples e suave da Plath me levou para um lugar infeliz em que se tornou a mente de Esther. Mesmo com todos os seus ganhos, prêmios, notas altas e um estágio em NY, a doce garota de 19 anos acaba por se vir mais e mais sem propósito na vida, ou cansada da aparente inutilidade que a rotina, tão comum para os seres humanos, se impõe. Em um dado momento no decorrer do livro, Esther tenta suicídio.
"O ar da redoma me comprimia, e eu não conseguia me mover."
Eu não posso tentar definir os diferentes graus e complexidade da depressão, não sou uma especialista, não passei por isso e nem tive alguém tão próximo de mim que tivesse passado por essa situação para eu ter algum tipo de experiência com ela. Mas o que posso dizer é que ter estado dentro da cabeça de Esther incomodou e muito. Como leitor, você sente a sensação de imponência, sabendo que a personagem está se afogando em si mesmo, e sem esperanças, quando você mesmo, estando em sã consciência, tenta encontrar alguma motivação ou sentido para o que leva às pessoas ao extremo de tentar exterminar a própria vida para amenizar a dor.
O que mais me chamou atenção na escrita da Plath é retratar um assunto tão pesado com palavras suaves, e uma prosa tranqüila, quase que desinteressada. O contraste disso é tão forte que é o que me hipnotizou em sua leitura, que foi realizada com relativa velocidade.
"Para a pessoa dentro da redoma de vidro, vazia e imóvel como um bebê morto, o mundo inteiro é um sonho ruim."
Certamente é um livro marcante, que incomoda, que dói. Se a autora retratou em Esther características de si mesma, só posso deduzir que em certo momento de sua vida Plath achou que ainda havia esperança para si, e achava que encontraria alguma solução para sair de sua redoma pessoal, como a própria protagonista. É realmente doloroso pensar que ambas tiveram destinos diferentes,
Nossa, Ly, só com os quotes que você postou já tô meio incomodada... mesmo assim, tenho muita vontade de ler esse livro para conhecer a escrita (e a própria) Sylvia, mas não é algo imediato, vou deixar passar esse clima melancólico de final de ano hahaha.
ResponderExcluirBeijos,
Ceile.
Nossa, muito boa a resenha! Já tinha ouvido falar de Sylvia Plath quando estudei sobre Ana Cristina Cezar, que tem características em comum com ela. Fiquei realmente interessada em ler! =)
ResponderExcluirabraço
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