A Redoma de Vidro - Sylvia Plath

22 de dezembro de 2014



Desde o ano passado, primeira vez em que ouvi falar sobre A Redoma de Vidro, fiquei curiosa por sua leitura. Na época, a edição da Editora Record estava esgotada e deixei o assunto de lado. Esse ano a Biblioteca Azul (selo de clássicos da Globo Livros), o relançou, em uma edição muito bonita, diga-se de passagem.

O primeiro ponto que me deixou curiosa pela leitura desse livro, que aliás, é o único romance da Plath, que escreveu diversos contos e poesias, foi saber que a própria autora cometeu suicídio apenas um mês após a publicação de A Redoma de Vidro. Diga-se de passagem, ele foi um publicado primeiramente através de um pseudônimo em 1963.





"Resolvi que nadaria até estar cansada demais para voltar. Enquanto avançava, eu sentia o coração batendo como um motor surdo nos meus ouvidos. Eu sou eu sou eu sou."
"Quanto pior você ficava, mais longe eles te escondiam."


O segundo ponto foi também descobrir que o romance é considerado autobiográfico. Muito da protagonista Esther é da própria Sylvia. Vocês podem achar estranhas as minhas motivações, mas sim, minha curiosidade foi despertada por esse lado mais “obscuro” de toda a história envolvendo A Redoma de Vidro.

Ouvi algumas pessoas comentando que deve-se ter cuidado nessa leitura, principalmente se você não estiver em uma “vibe boa” da vida, e devo reforçar a veracidade disso. Em poucas páginas, apesar de um começo de história aparentemente descontraído, a escrita simples e suave da Plath me levou para um lugar infeliz em que se tornou a mente de Esther. Mesmo com todos os seus ganhos, prêmios, notas altas e um estágio em NY, a doce garota de 19 anos acaba por se vir mais e mais sem propósito na vida, ou cansada da aparente inutilidade que a rotina, tão comum para os seres humanos, se impõe. Em um dado momento no decorrer do livro, Esther tenta suicídio.

"O ar da redoma me comprimia, e eu não conseguia me mover."

Eu não posso tentar definir os diferentes graus e complexidade da depressão, não sou uma especialista, não passei por isso e nem tive alguém tão próximo de mim que tivesse passado por essa situação para eu ter algum tipo de experiência com ela. Mas o que posso dizer é que ter estado dentro da cabeça de Esther incomodou e muito. Como leitor, você sente a sensação de imponência, sabendo que a personagem está se afogando em si mesmo, e sem esperanças, quando você mesmo, estando em sã consciência, tenta encontrar alguma motivação ou sentido para o que leva às pessoas ao extremo de tentar exterminar a própria vida para amenizar a dor.

O que mais me chamou atenção na escrita da Plath é retratar um assunto tão pesado com palavras suaves, e uma prosa tranqüila, quase que desinteressada. O contraste disso é tão forte que é o que me hipnotizou em sua leitura, que foi realizada com relativa velocidade.

"Para a pessoa dentro da redoma de vidro, vazia e imóvel como um bebê morto, o mundo inteiro é um sonho ruim."

Certamente é um livro marcante, que incomoda, que dói. Se a autora retratou em Esther características de si mesma, só posso deduzir que em certo momento de sua vida Plath achou que ainda havia esperança para si, e achava que encontraria alguma solução para sair de sua redoma pessoal, como a própria protagonista. É realmente doloroso pensar que ambas tiveram destinos diferentes,

Título: A Redoma de Vidro
Autor: Sylvia Plath
Editora: Biblioteca Azul
N° de Páginas: 280

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2 comentários :

  1. Nossa, Ly, só com os quotes que você postou já tô meio incomodada... mesmo assim, tenho muita vontade de ler esse livro para conhecer a escrita (e a própria) Sylvia, mas não é algo imediato, vou deixar passar esse clima melancólico de final de ano hahaha.

    Beijos,
    Ceile.

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  2. Nossa, muito boa a resenha! Já tinha ouvido falar de Sylvia Plath quando estudei sobre Ana Cristina Cezar, que tem características em comum com ela. Fiquei realmente interessada em ler! =)

    abraço

    www.miscigenacoes.blogspot.com

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