Cartas de Amor aos Mortos - Ava Dellaira

Eu sabia que simplesmente teria que ler Cartas de Amor aos Mortos assim que li sua sinopse, quando a Editora Seguinte divulgou a sua listinha de início de ano de publicações do selo juvenil. 

A ideia de uma protagonista que escreve cartas para figuras públicas já falecidas soava como música aos meus ouvidos. Muito potencial envolvido e não vou negar que aguardava algo arrebatador e já dava como certo inseri-lo na lista de favoritos da vida. Engano meu!

A protagonista Laurel, a qual somos apresentados no início do livro e à sua atividade de escrever uma carta para alguém, beira ao catatônico. Ela está fechada para o mundo e através das cartas para artistas mortos ela vai se despindo para o exterior, ao mesmo tempo que o leitor vai compreendendo todas as suas angústias e desafios.

No início, meu grande problema foi a falta de conexão com Laurel. Ela me passou um pouco de "rebelde sem causa" até ela expor alguns fatos de seu passado e eu acompanhar situações do presente. Eu não conseguia compreender suas motivações e o porquê da necessidade de se abrir justamente com pessoas que já se foram. A partir do meio do livro, onde acredito que a história ganhou mais fluência, finalmente comecei a criar um elo com ela.

As conexões que ela realiza com a vida dos artistas à quem escreve, como Kurt Cobain, Amy Winehouse, entre outros, foi o grande diferencial do livro. Ela apresenta divagações e faz questionamentos a si mesmo tentando entender o problema desses artistas, e aplicando à seus próprios anseios e desafios, acredito que ela encontrou refúgio e conforto.  

O livro de estreia da autora tem potencial e do meio para o fim fica razoavelmente melhor, após um início quase enfadonho. Mas não o amei de coração, apesar de achar que, em um balanço geral, a leitura foi satisfatória.

Título: Cartas de Amor aos Mortos

Autor: Ava Dellaira

Editora: Seguinte

N° de Páginas: 344