Comparações sempre me deixam receosa. Quando a prova de A Mulher Silenciosa apareceu aqui em casa fiquei empolgada. Quando li nas duas primeiras páginas algumas frases de jornais e nomes de peso dos EUA comparando o livro com Garota Exemplar (Intrínseca, 2013) a empolgação foi substituída pelo receio.
Sim, ambos mantém como trama central a questão do casamento, o laço que pode significar a segurança de um relacionamento para alguns e game over para outros (quem nunca ouviu a piadinha, principalmente entre homens?). Mas, para mim, para por aí.
Fiquei satisfeita em conferir que o tema central foi a única similaridade que percebi entre as histórias. Se Garota Exemplar me desapontou, A Mulher Silenciosa me ganhou pela profundidade de seus personagens e suas abordagens psicológicas.
O livro é narrado de forma intercalada entre ELE e ELA, sendo o homem Todd, e a mulher, Jodi. Eles estão casados há 20 anos, e Jodi sabe dos casos extraconjugais de Todd, mas mantém o papel de esposa equilibrada com um casamento e lar perfeitos.
Com uma premissa comum, o ponto forte e foco da autora foi no desenvolvimento. Eu fiquei pasma e até certo ponto chocada com toda a postura de Jodi. Ela aceitou cumprir um papel muito interessante. Ao mesmo tempo em que ela é forte e até mesmo fria em determinadas situações, ela é submissa e parece possuir pouco apreço por si mesma enquanto indivíduo, o que criou uma leitura dúbia para mim. A personagem, apesar de exposta para o leitor na narrativa, parece esconder algo, mesmo quando sua decisão de assassinato estava clara e a autora criou esse contrabalanceamento, o que foi fantástico para mim.
A ironia fica por conta da profissão de Jodi. Ela é psicoterapeuta e discorre sobre a influência dos "grandes pais" da psicologia em sua formação e personalidade. Algumas coisas eu achei interessantes, como a escolha do nome do cachorro, que se chama Freud; em outros momentos achei que as explicações foram demasiadas e desnecessárias devido ao cunho técnico.
Ver as coisas do ponto de vista de Todd foi importante também. Ele é um dos protagonistas mas é ofuscado pela complexa e misteriosa Jodi, e é difícil criar algum laço com esse personagem. O que mais me marcou com relação a ele é que a autora quase que obriga o leitor a criar antipatia por ele e a julgá-lo.
Eu sou humana, Todd é humano e é propenso a erros tanto quanto eu, mas quando se está na cabeça do personagem é complicado não reprovar e aprovar determinadas atitudes. Acho que é inerente a nós como pessoas, com crenças e opiniões prontas sobre assuntos que nos rodeiam com tanta frequência, como os dramas e desafios do casamento e a infidelidade.
Estou ciente que muitas pessoas não vão gostar do tom de A Mulher Silenciosa. Ele não tem ação, o desenvolvimento é propositalmente lento e para mim fez sentido essa escolha da autora. Em linhas gerais, foi uma leitura bem satisfatória.
Título: A Mulher Silenciosa
Autor: A.S.A. Harrison
Editora: Intrínseca
N° de Páginas: 254
já tinha visto a sinopse deste livro, mas confesso que não me interessei muito
ResponderExcluirjá para Garota Exemplar, que ainda não li, tenho uma curiosidade imensa! *-*
nossa, coitada a Jodi. aguentar essas coisas do marido não deve ser nada fácil não, eu pelo menos não iria aturar não --'
parece ser um ótimo livro, mas já vi não não vou ir com a cara do Todd :S
Gostei da parte de ser impossível não julgarmos e até não condenarmos mesmo sabendo que somos humanos que erramos, mas infidelidade é algo bem sério, e até abominável para alguns de nós.
ResponderExcluirGosto de tramas assim dramáticas realistas. Se ficar barato, um dia talvez eu compre.
Lyyyy, vim ler sua resenha e para tudo! Como assim GAROTA EXEMPLAR te desapontou? Conte-me tudo e não esconda nada! Quero saber sua opinião. Eu ameeeei <3
ResponderExcluirPensamos de forma semelhando em relação a Jodi (vi que você falou isso na minha resenha tb), mas não consegui considerá-la fria, pelo contrário, achei que a ficha dela não caia e que ela vivia em negação por ser segura demais, por sempre ter feito o tipo "deixa ele pegar todas pq sempre volta pra mim" e aí teve meio que um choque ao ver que dessa vez não seria bem assim.
Quanto ao Todd, não havia pensando no que você falou, mas é verdade, a autora me obrigou a ter antipatia por ele, e como tive! Pqp que ser humano mais escroto! Queria rasgar as folhas do livro (pensando que fosse o rosto dele) de tanta raiva que o ser despertou em mim. E não foi por ele ser um adúltero, mas sim por causa das atitudes dele, do pouco comprometimento e da covardia em encarar as situações com Jodi e Natasha. Pelo amor, que sujeitinho boçal.
Mas Jodi não ficou atrás no meu ódio. Para mim, ela ainda é mosca morta, hahaha, e precisa de ajuda de um psicoterapeuta urgentemente! Foi muita falta de amor próprio.
E, apesar de todo esse negativismo em relação aos personagens, ADOREI o livro. A Intrínseca vem acertando nos thrillers <3
Beijocas
particulamente eu não gosto de comparações. em nada. acho que comparar um trabalho, alguém, o que seja só serve pra diminuir entende? mas realmente o plot de A Mulher Silenciosa lembra um pouco Garota Exemplar. pelo visto o livro tem personagens marcantes por serem tão humanos, com características que a gente por mais que pense "é só um livro" sabe que existe pessoas assim. vc bem apontou, somos todos passivos a erros. amo livros que mexem com aquilo que a gente tem como certo, tenho quase a impressão de que vou gostar muito de A Mulher Silenciosa =)
ResponderExcluirOi, Lygia!
ResponderExcluirConcordo com você, esse livro é bem diferente de Garota Exemplar. Fiquei de queixo caído com o desenvolvimento dos personagens e tive a impressão que Todd foi desenvolvido de forma que o leitor o odiasse mais a cada página. Uma coisa que me desagradou muito foi a informação que a personagem passa logo no começo do livro e só vai acontecer lá no final, li o livro o tempo todo esperando por esse momento e quando aconteceu foi até um pouco decepcionante. Mas gostei do livro no geral.
Bjs!