A Menina Que Colecionava Borboletas - Bruna Vieira

Comentei algumas vezes no Twitter há algum tempo que a escrita da Bruna Viera não era pra mim. Não rolou identificação no seu primeiro livro de crônicas, e o De Volta aos Quinze me incomodou por possuir uma protagonista que não age de acordo com sua idade.

Enfim, não estou aqui para falar deles e sim de A Menina que Colecionava Borboletas. Achei importante destacar os itens acima pois, em minha terceira tentativa com a autora pude rever o que pensava. Nesse novo livro de crônicas Bruna se mostra mais madura em sua escrita, e se antes eu não me identificava com a autora, hoje posso dizer que um pouco do que ela vivenciou/sentiu com todas as suas mudanças e conquistas fez parte da minha vida também.

Não foram todas as crônicas que gostei, confesso. Ainda sinto na Bruna um pouco da contradição de ideias que são típicas da idade, talvez. Se em um momento ela diz para as pessoas "saírem do Facebook, viverem suas vidas reais", em outro ela narra justamente o quão presente é o virtual em sua própria vida. Afinal, no foi através do blog que ela mesma colocou "pra fora" tudo o que mais lhe machucava, e que lhe rendeu frutos? Mas contradições fazem parte da vida de todos, certo?

Amadurecer tem um pouco a ver com usar experiências passadas para não cometer novos erros, e, por isso, tudo bem desenterrar o passado só para ter a certeza de que a raiz é forte e que esse vento, uma hora ou outra, vai passar.

Os textos que mais me envolveram falam a respeito das mudanças e de como viver sozinha acaba nos amadurecendo "na marra". Saí de casa, no interior de MG, aos 18. Ir para uma cidade grande como o RJ com essa idade, e para morar sozinha, muda muito a percepção que temos da vida. Não que eu seja  "a velha" ou "a madura", mas simplesmente as (muitas!) responsabilidades do "ser adulto" acabam chegando mais cedo. Então a Bruna de hoje com 19, me lembrou muito a Lygia que um dia já teve 18 (tem um tempinho, cof cof).

Pare pra pensar um pouquinho e, sempre que der, se coloque no lugar do outro. A vida de todo mundo tem sido corrida, cheia de problemas e neuras que ninguém entenderia, mas ainda vale a pena valorizar e separar um tempo para o que realmente nos faz feliz - e não apenas para aquilo que achamos que nos faz ou que um dia nos fez.

Algumas outras crônicas falam sobre romance, amores (perdidos ou não) e amizades. Essas não são as minhas preferidas, mas sei que mesmo elas encontrarão lugar em algumas mentes adolescentes. É engraçado que hoje, pela manhã, vi um tuíte da Super Interessante dizendo que aprendemos mais com o erro dos outros. Se é verdade ou não, não cabe a mim saber. 

Sempre tive pra mim que observar o comportamento das pessoas ao me redor sempre me traria reflexão sobre minhas próprias atitudes. Com isso, penso que muita gente pode levar para a vida as experiências da própria Bruna. Tenho certeza que muitas adolescentes (ou as que estão na faixa dos 20 também, rsrs) podem encontrar compreensão e um espelho de si mesmas em algumas dessas experiências.

Obs: Como é bom se surpreender com uma pessoa que você achava que já tinha uma ideia pré-concebida sobre ela! ^.~

Título: A Menina Que Colecionava Borboletas

Autor: Bruna Vieira

Editora: Gutenberg

N° de Páginas: 152