[Resenha] O Livro de Julieta - Cristina Sánchez-Andrade

Título: O Livro de Julieta
Autor: Cristina Sánchez-Andrade
Editora: Paralela
Páginas: 160
Ano: 2012
Mais informações: Skoob

Sinopse:

Um biquíni novo, um passeio de mãos dadas com os irmãos, uma piscina de bolinhas, a chuva, a rotina. Para Julieta, a felicidade é isso. Já para sua mãe, a jornalista espanhola Cristina Sánchez-Andrade, a felicidade é algo um pouco mais complicado, principalmente depois que sua filha foi diagnosticada com síndrome de Down. “Ela vai te fazer companhia a vida inteira”, “É um presente de Deus”, “Você é forte, vai superar” — é tudo o que tem ouvido desde então. Através de memórias, bilhetes, cartas, diálogos e impressões, este livro narra a história real de Cristina e sua filha, uma história de atividades, de trabalho, de cobrança, de médicos, mas também de amor, de carinho, de brincadeiras, de beijos. É a história do cotidiano de uma família e de uma criança muito especial, que é impossível não amar — mesmo quando ela insiste em fazer xixi nas calças todos os dias ou toma detergente enquanto ninguém está olhando.

"No princípio, abre-se um abismo entre os pais e ele, começar a amar é muito complicado... E não ser capaz de amar quando somos obrigados a fazê-lo é algo espantoso". (p. 12)

Através de capítulos curtos, recheados de relatos, pensamentos e memórias, Cristina Sánchez-Andrade, nos conta uma parte de sua história.

Depois de dois filhos “saudáveis”, Cristina dá à luz a Julieta e recebe o diagnóstico de que a filha tem Síndrome de Down. Não, ela não fez a amniocentese, o exame que revelaria este fato durante a gravidez. E, de certa forma, agradece por não ter tido o poder da escolha.

"Tive a sorte de não saber (a falta de consciência é uma bênção), de não ter que 'optar' por nada. Hoje, passados seis anos, sei que essa 'liberdade' teria me torturado. E continuaria me torturando". (p. 28)

Durante a gravidez, os pais sempre imaginam como será o bebê e, dificilmente, pensam que algo possa estar “errado” com eles. Além da negação, da raiva e do medo ainda se tem o luto pelo filho idealizado durante a gestação.

"Quando Julieta nasceu e nos disseram que tinha síndrome de Down, minha dor veio em forma de nostalgia. Uma doce nostalgia das entranhas, da minha filha. Onde estaria a menina que eu imaginara durante toda a gravidez?".     (p. 9)

A autora escreve de forma sincera e, por vezes, cruel as dores de se ter um filho com Síndrome de Down. Em um grande desabafo, oferece ao leitor um relato de suas decepções com os lentos progressos de Julieta até as conquistas que sua pequena lhe proporciona. Suas descrições podem, por vezes, chocar algumas pessoas.

"Quando tudo vai bem, somos todos amáveis. Mas ter um filho com síndrome de Down significa muitas surpresas... boas e más". (p. 21)

Ser mãe de uma criança com necessidades especiais, definitivamente, não é fácil. E, lidar com a hipocrisia da sociedade, não ajuda em nada. Frases de efeito, explicações não científicas do porquê de ter tido um filho “assim”, o sentimento de pena estampado no rosto das pessoas e as tentativas de ser agradado por todos a fim de compensar o “problema”, são só alguns exemplos.

Durante meus estágios da faculdade de Pedagogia, tive acesso a duas crianças com Síndrome de Down, de condições financeiras completamente distintas, mas com comportamentos familiares bem parecidos. Pais que escondem os filhos da sociedade até serem obrigados a levá-los à escola e que, ao invés de ensinar, descontam sua frustração com violência. O resultado? Crianças agressivas (desmitificando a crença de que são muito carinhosos). Afinal, como demonstrar algo que não se conhece?

A família exerce um papel essencial com qualquer criança, independentemente de deficiências. Porém, as crianças que possuem necessidades especiais são as mais dependentes do suporte dos seus responsáveis, a fim de se desenvolverem da melhor maneira possível, dentro de suas limitações.

Apesar de ser um livro de leitura rápida, não é um livro para passar o tempo. Pelo contrário, vai te fazer refletir sobre a maternidade, as diferenças, o amor, a vida.

"Hoje, vendo-a sozinha na água, nadando como se fosse uma rã e gritando para o professor 'Olha, elou kitty', penso nas outras recompensas que tive ao longo da vida após grandes esforços. Terminei o curso de direito pela UNED, publiquei meu primeiro livro...

Mas nenhuma delas se compara a ver Julieta na água.

Às vezes, a felicidade é uma cosquinha". (p. 62)

 SORTEIO DE UM KIT DE MIMOS:

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A Semana Especial Companhia das Letras iniciou-se domingo, dia 04/11, e quem comentar no post, deixando um contato, concorre à prova do livro 'É o primeiro dia de aula...sempre!' e alguns mimos (marcadores, bloquinho e afins). Vamos sortear essa prova no domingo, então, VAMOS PARTICIPAR! =D

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E temos também o sorteio de 'A Idade dos Milagres', cujo post você pode conferir aqui.

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RESULTADO

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Quem vai receber o kit é:

Parabéns, Claris Ribeiro! Entraremos em contato... :D