[Resenha] A Culpa é das Estrelas - John Green

Título: A Culpa é das Estrelas
Autor: John Green

Editora: Intrínseca

Páginas: 288 (211 na versão digital)
Ano: 2012

Mais informações: Skoob

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História de aquisição do livro: Todos me diziam para ler algo do John Green. Na Turnê da Intrínseca, ouvi muitos gritinhos histéricos e alegria das meninas em saber que os direitos de publicação do J.G. eram da editora (que aliás, está arrasando em todas as suas publicações). Não aguentei o lançamento do livro físico (previsto pra ontem) e comprei em e-book mesmo. Nem preciso dizer que foi um excelente investimento, certo? 

Sinopse: Em A Culpa é das Estrelas, Hazel é uma paciente terminal de 16 anos que tem câncer desde os 13. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante — o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos —, o último capítulo de sua história foi escrito no momento do diagnóstico. Mas em todo bom enredo há uma reviravolta, e a de Hazel se chama Augustus Waters, um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Juntos, os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.

'Sem dor, como poderíamos reconhecer o prazer?' (Essa é uma discussão antiga no campo das Reflexões Sobre o Sofrimento, e a ignorância e a ausência de sofisticação da frase poderiam ser analisadas por vários séculos, mas é suficiente dizer que a existência do brocólis não afeta de forma alguma o gosto do chocolate).                                                            

Hazel, sobre as frases de Encorajamento dos pais de Gus

Esse livro deve ganhar o posto de 'As Vantagens de Ser Invisível' do mais "quotável" ever. Ou pra dizer o mínimo, o páreo é duríssimo. Green narra tão brilhantemente os pensamentos e vida de Hazel, que sério, é como se ela fosse minha amiga íntima. Ou que a própria garota fosse real e contou tudo, detalhadamente ao autor, ao pé do seu ouvido.

O que precisamos saber: Hazel Grace é forte, divertida, engraçada e diagnosticada com câncer. Como a própria garota diz, seus pulmões de araque não realizam o seu trabalho direito e a mesma frequenta o Grupo de Apoio, mediado por Patrick, sobrevivente de câncer nas bolas (palavras de Hazel). Apesar de ser relutante em participar, sua mãe insiste nisso e é lá que conhece Augustus Waters. Olhos azuis, sorriso torto e sexy, diria ela, e autoengrandecedor, diria Isaac, amigo dele. Na verdade, Gus (como todos o chamam) só foi ao GDA a pedido do amigo Isaac, outro sobrevivente do câncer. Mas é aí que a amizade entre todos se desenrola.

'Eu gostava do Augustus Waters. Gostava muito mesmo dele. Gostava de como a história dele terminava falando de outra pessoa. Gostava da voz dele. Gostava do fato de ele ter feitos lances livres carregados de existencialismo. Gostava de ele ser professor titular no Departamento de Sorrisos Ligeiramente Tortos com duas cátedras no Departamento da Voz Que Me Deixa à Flor da Pele.'

Hazel, sobre o Gus

O que acompanhamos nas páginas seguintes são palavras carregadas, ora doces, ora furiosas, por parte dos personagens. Confesso que ao término do livro desejei ardentemente que J.G. lançasse um livro do ponto de vista de Gus. Para mim, ele é o melhor personagem do livro, não desmerecendo os demais, que são excelentes. O pai de Hazel é o chorão mais adorável de todos, e Peter Van Houten um dos mais detestáveis (talvez com motivos).

Aliás, falando de Peter, ele é o autor de 'Uma aflição imperial', o livro favorito de Hazel. A garota compartilha dessa informação com Gus e ambos discutem constantemente sobre o mesmo. Ouso dizer que o livro de Van Houten dá uma base muito boa para o deslanchar dos acontecimentos na vida dos dois. Além disso, as páginas são cheias de metáforas e análises da brevidade da vida; em um momento os personagens parecem estar conformados com o diagnóstico e com a ideia de morte, em outra, a fúria vem à tona. O esperado acontece e os protagonistas se apaixonam. Isso não é spoiler, diga-se de passagem. Falar de amor, nesse caso, e por ser John Green, seria inevitável, mas a forma abordada pelo autor é que faz toda a diferença.

'Enquanto ele lia, me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono: gradativamente e de repente, de uma hora pra outra.'

Hazel

Somos apresentados ao amor em sua forma mais pura, mais doadora, se eu pudesse utilizar uma palavra para isso. Aquele que não espera nada em troca; não espera nada na verdade, devido às circunstâncias e saúde dos dois. Essa ideia de que as boas histórias de amor são as trágicas não se aplica nesse caso; 'A culpa é das estrelas' não é somente uma ótima história de amor por causa de doença e morte, e sim, devido a caráter, sentimentos, personalidade, afinidade, leitura, sarcasmo e outros infinitos aspectos para pessoas que não tem tempo ilimitado. Aliás, quem de nós tem?

Foi deliciosa a narrativa proporcionada pelo autor e, definitivamente, não é um livro fácil de se escrever sobre. Ao mesmo tempo que as linhas de Green promovem lágrimas, promovem risos. É paradoxal, tal como Gus diz à Hazel em determinado ponto do livro: "Estou em guerra contra o quê? O meu câncer. E o que é o meu câncer? Meu câncer sou eu. Eles são feitos de mim tanto quanto meu cérebro e meu coração são feitos de mim. É uma guerra civil, Hazel Grace, a gente já sabe quem vai vencer."

Preciso dizer que entrou para o hall de favoritos? 'A Culpa é das Estrelas' (nome em alusão à história shakesperiana, Júlio César, e SUPER bem aplicada no contexto em que é abordado no livro), merece, definitivamente, em uma escala de 1 a 5, 10 cilindros de oxigênio da Hazel! ;o)