[Resenha] Contos de Aprendiz - Carlos Drummond de Andrade

11 de junho de 2012
Título: Contos de Aprendiz
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 160
Mais informações: Skoob
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Sinopse: Drummond não escreveu muitos contos ao longo de sua carreira. Daí a importância de um livro como este Contos de aprendiz. Publicado originalmente em 1951 (mesmo ano de Claro enigma), o livro seria a primeira investida em larga escala do autor numa obra de ficção. Antes, publicara a pequena novela “O gerente” (que faz parte do volume) em uma modesta edição. Os temas dos quinze contos giram praticamente na mesma órbita de grande parte da poesia do autor: o memorialismo, o relato da vida acanhada no interior do Brasil do início do século XX, a observação do cotidiano mais miúdo, uma ironia gentil, a observação - despida de qualquer sentimentalismo - da inevitável passagem do tempo. Tudo arranjado com delicadeza e inteligência.



"Nenhuma outra flor lhe convinha senão aquela, miúda, amarrotada, esquecida, que ficaria rolando no pó e já não esquecia mais". (pág 66)


Ler Carlos Drummond é, sem dúvida, uma atividade prazerosa, posto que o escritor nos premia com um estilo simples e despojado, descortinando situações comuns do cotidiano de qualquer cidadão que para nós, leigos na arte de escrever contos e crônicas, talvez uma simples história de uma dona de casa, de um jovem estudante ou de um transeunte não nos motivaria a pegar a caneta e rascunhar uma ou outra narrativa.

Drummond, em Contos de Aprendiz, tece com maestria o prosaico com pitadas de ironia e bom humor.

No livro, o escritor, em um tom memorialista, apresenta ao leitor um painel da vida pacata e provinciana do Brasil na década de 50, quando a população começava a se deslumbrar com as novidades e com o conforto que o telefone ou o cinema, por exemplo, lhes proporcionava.

O título é bem sugestivo. Por um lado, o aprendiz seria o próprio Drummond, que nascido em Itabira - uma cidadezinha pacata mineira - posteriormente, na fase adulta vem para o Rio de Janeiro para trabalhar em um jornal e a cidade lhe propicia um aprendizado constante. Por outro lado, nós leitores somos aprendizes, a partir do momento que compartilhamos este aprendizado com o autor.

O livro reúne 15 contos, dentre eles "O Sorvete". Com o foco narrativo em 1ª pessoa, o narrador–personagem narra a aventura de um passeio dominical de dois jovens que, ao flanarem pelas ruas do Rio de Janeiro vão descrevendo pormenores da cidade: comércio, cafés, agências de loteria, etc. A temática do conto está voltada para a alegria, satisfação e liberdade destes meninos interioranos que saem de uma pacata cidadezinha e são matriculados pelos pais em um Colégio Interno na cidade grande. Aos olhinhos curiosos dos meninos, descortina um mundo repleto de sensações e descobertas.

Outro conto chamou-me a atenção: "Flor, Telefone, Moça". É uma narrativa fantástica e surpreende o leitor ao apresentar um diálogo entre um suposto defunto com uma jovem moça, que rouba uma flor de um túmulo, magoando o morto, que suplica à menina que lhe devolva a flor. Drummond consegue reunir neste conto uma situação do cotidiano associada ao realismo fantástico, ao lirismo e à poesia.

Parabéns à Companhia das Letras por relançar esta obra do grande Carlos Drummond de Andrade, homenageado da FLIP deste ano, tornando os contos mais acessíveis e atraentes aos olhos dos jovens, que desconhecem esta vertente do poeta.

A leitura se faz necessária, não só por apresentar informações, hábitoscostumes de um Rio de Janeiro da década de 50, como também permite conhecer melhor a prosa de Drummond, que sabe como ninguém escrever formalmente, mas ao mesmo tempo com simplicidade.
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6 comentários :

  1. Oi Denise!
    Sempre ótimo ver seus posts por aqui!
    Também é ótimo quando nos deparamos com uma obra aparentemente simples, mas tão rica de conteúdo. Digna de Drummond!
    Quase marquei de ir à FLIP esse ano, mas os planos não deram certo.
    Beijos!

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  2. Drummond arrasa!
    Gosto muito dele. Obrigada pela resenha!

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  3. Oi

    Li pouca coisa do Drummond, mas adorei o que li. Fiquei animada para comprar esse livro!

    Gabi

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  4. "Flor, Telefone, Moça", gostei! Quer dizer, não li, gostei do que você falou sobre o conto. Nunca li nada do autor, mas claro que tenho curiosidade. Vou dar uma pesquisada, ver se encontro alguma coisa na biblioteca do colégio ou no farol!
    Beijo!

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  5. Achei bem interessante esse livro, fiquei curiosa!!! Carlos Drummond, realmente arrasa!

    Gostei da história do conto "Flor, Telefone, Moça", muito legal!


    Beijos
    Lendo de Tudo

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  6. cada conto tem um ´personaje pou so ele q considerampos comoo personajem? qual e o tempo que acontece os fatos/

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